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Perder-se

É urgente a minha luta.

No meu peito revolve-se uma onda como num mar imenso de agitação, como se vivesse em mim um dragão inquieto que quer e luta por ser livre.

Não sei o que significa esta ansiedade, esta intensa saudade de nada, este medo de um vazio que não existe, de me perder sem me conseguir encontrar.

O meu coração rebola-se como se fosse um carrossel de emoções cujo movimento é interminável. Um eterno adeus que não termina, sempre com a mesma angústia, sempre acenando com um braço já cansado de dizer adeus sem nunca se querer desapegar, sem nunca querer deixar ir... porque deixar ir é perder, é perder-me... e presa a esta ilusão de que algo é meu sem o ser mantenho-me acenando até perceber que deixar ir afinal é ficar livre, é soltar-se de uma amarra que nos mantém presos à ilusão de que algo é nosso sem nunca o ser de facto, deixar ir é ficar livre da mágoa, da angústia e do cansaço daquele eterno adeus, que consome. Não é perder-me, é encontrar-me.

E nesta minha luta entre a liberdade de ser e a ilusão de ter, determino o vencedor. Mantenho comigo as memórias saudosas, e que sempre serão minhas, guardadas em meu coração daquele eterno amor e devoção, e deixo ir quem me amou partir para outra jornada e espalhar o seu perfume, pois as minhas memórias serão a sua imortalidade.

A liberdade venceu... a partir de agora declaro-me oficialmente perdida pois só assim posso simplesmente SER.

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