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Conto II (Segundo) O Dente-de-Leão

E de como ele queria ser livre.

Era um lindo dia de Primavera e o sol raiava alto, as gotas de orvalho ainda se distinguiam nas folhas verdes do pequeno prado e o pequeno dente de leão abrindo os seus pequeninos olhos espreguiçou-se cheio de vontade, levou um breve susto ao se deparar com o seu reflexo numa das gotas de orvalho, como podia ser ainda agora chegara e já estava despenteado, sentiu-se envergonhado, mas por mais que tentasse amagar o seu penteado ele não conseguia pô-lo à sua vontade, os seus pelinhos teimavam em manter-se em pé, um pouco resignado por não conseguir levar avante o pretendido pôs-se a observar melhor o seu reflexo e concluiu que gostava de si tal como era, a sua aparência delicada e a sua transparência davam-lhe um ar angélico, quase etéreo. Os minutos passavam e o dente de leão conheceu seus vizinhos, haviam as manas Margaridas, o vizinho Tojo, a Sra. Papoila e sua família, e conheceu também outros dentes de leão que viviam bem próximo a si. Mas o nosso pequeno dente de leão era especial, ao contrário de todos os outros que tinham medo do vento, ele ansiava por ele e invejava os seus irmãos que haviam já partido com ele

- Não sei por que razão temem o vento! Ele leva-nos para outras paragens e poderemos de lá do alto ver o mundo! – Exclamava ele.

- Deves ser tolo – retorquiam os outros – não sabes que uma simples brisa um pouco mais forte pode ser o fim da vida de um de nós ou mais?

Mas o pequeno dente de leão recusava-se a aceitar tal verdade como sua, ele acreditava que o vento o faria livre, das poucas brisas que tinha sentido em seus pequenos pelinhos o seu coração pedia-lhe mais e dizia-lhe bem baixinho voa….

Ele tentava mudar aquela crença, mas os mais velhos começaram a dizer que ele era louco e em poucas horas os dentes de leão começaram a ignorar o nosso pequeno dentinho, e sempre que o vento soprava um pouco mais forte era vê-los a juntarem-se amedrontados uns aos outros com receio de serem desfeitos em dezenas de pedaços.

Então um certo dia quando o pequeno dente de leão sentiu que o vento se ia levantar com um pouco mais de força, ergueu-se o mais alto que pode e esticou os seus pelinhos ansiando que o vento lhe tocasse para o levar.

- Só um pouco mais…! – Pensava ele, esticando-se mais e mais.

E quando o vento o apanhou ele desfez-se no ar, os seus pelinhos esvoaçaram pelo prado, mas tal como ele acreditava, não foi o fim, foi o início de uma viagem maravilhosa, pois conseguia sentir-se unido a todas as suas partes que se desprendiam de si, como se um fio invisível os continuasse a ligar e ele sentia e via como se os seus olhos estivessem em todas as suas partes espalhadas… conheceu o mundo e voou pelos seus quatro cantos até ao mais alto céu que ele pôde alcançar e sentiu-se LIVRE…….

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